A utopia representa a busca por uma organização social idealmente construída, livre de contradições, para substituir uma realidade presente que é condenada. Desde a Antiguidade, pensadores como Platão já formulavam ideias utópicas em obras como A República. No entanto, o termo foi popularizado por Thomas Morus em 1516, ao descrever a ilha da Utopia como uma sociedade alternativa à Inglaterra de seu tempo, marcada por conflitos e injustiças.

Morus propôs a propriedade comum dos bens sociais, o direito e a obrigatoriedade ao trabalho, a gratuidade dos bens necessários à sobrevivência e a plena tolerância religiosa. Outro exemplo de utopia é encontrado na obra A Cidade do Sol, de Tommaso Campanella, escrita em 1601, que apresenta uma proposta social idealizada.

Com o surgimento da Revolução Industrial e a ruína de artesãos e camponeses, novas formulações sociais utópicas foram desenvolvidas por pensadores como Robert Owen, Charles Fourier e Saint-Simon, os chamados "socialistas utópicos". Eles foram os primeiros críticos da sociedade capitalista emergente e defenderam a igualdade social.

Marx e Engels, ao analisarem as contradições do capitalismo, perceberam a necessidade de superá-lo não como uma idealização utópica, mas como algo objetivo, resultado do choque entre as forças produtivas e as relações de produção. Na contemporaneidade, Karl Mannheim e Herbert Marcuse resgataram o conceito de utopia.

Para Mannheim, a utopia se opõe à ideologia conservadora, representando uma ação transformadora do presente em direção à perfeição social. Já Marcuse acredita na viabilidade da utopia nas sociedades altamente desenvolvidas, desde que se parta de uma "teoria crítica" das relações sociais. Assim, a utopia continua sendo um ideal a ser perseguido como forma de construir uma sociedade mais justa e igualitária.