Piero Sraffa, renomado economista italiano radicado na Universidade de Cambridge, foi um dos primeiros críticos da economia neo clássica. Sua contribuição para a teoria econômica foi marcante, especialmente com a publicação do ensaio "As Leis de Rendimentos em Condições Competitivas" em 1926, que revolucionou a compreensão do equilíbrio de mercado.
No referido artigo, Sraffa evidenciou que os preceitos da concorrência perfeita não se aplicam a nenhum mercado real e defendeu a reconstrução da teoria dos preços a partir da constatação de ganhos de escala usufruídos pela maioria das empresas industriais. Além disso, destacou a predominância da concorrência imperfeita ou monopolista em muitos mercados, desencadeando uma série de estudos sobre o tema.
A obra de Sraffa não se limitou ao ensaio de 1926, já que ele também editou as obras completas de David Ricardo e publicou o influente livro "Production of Commodities by Means of Commodities" em 1960. Nesta obra, introduziu o conceito de mercadoria padrão e reabilitou a teoria do valor-trabalho, demonstrando que os preços, salários e lucros são determinados pelo trabalho gasto na produção das mercadorias.
Apesar de sua aparente simplicidade, a obra de Sraffa gerou intensos debates e análises, especialmente na chamada "controvérsia sobre o capital", que opôs os teóricos de Cambridge aos do Instituto de Tecnologia de Massachusetts. Sua contribuição foi fundamental para uma nova visão da dinâmica econômica e das leis que a regem, consolidando seu papel como um dos grandes pensadores da economia do século XX.