A hipótese de Bernoulli, proposta pelo matemático Daniel Bernoulli no século XVIII, surgiu como uma solução para o Paradoxo de São Petersburgo. O problema em questão envolvia explicar por que os indivíduos se recusavam a apostar quantias muito altas em um jogo onde uma moeda era lançada até que saísse coroa.
No jogo, se a coroa saísse no segundo lançamento, o jogador receberia um prêmio de 2 unidades monetárias. Apesar do prêmio potencialmente alto, muitas pessoas não estavam dispostas a arriscar grandes quantias para participar do jogo.
A hipótese de Bernoulli se baseia na ideia de que o valor esperado de uma aposta não deve ser calculado apenas pelo prêmio em si, mas sim levando em consideração a utilidade que esse prêmio terá para o indivíduo. Ou seja, não se trata apenas de um cálculo racional de probabilidades, mas também da avaliação subjetiva do valor do prêmio em relação ao risco assumido.
Assim, a hipótese de Bernoulli introduziu o conceito de utilidade marginal decrescente, ou seja, a ideia de que o valor de uma unidade adicional de riqueza diminui à medida que o indivíduo acumula mais riqueza. Isso explica por que as pessoas tendem a valorizar mais a segurança e a estabilidade financeira do que a possibilidade de ganhos extremamente altos, mas incertos.
Ao considerar a utilidade subjetiva dos prêmios em relação aos riscos envolvidos, a hipótese de Bernoulli oferece uma nova perspectiva para entender o comportamento humano em situações de tomada de decisão sob incerteza. Ela nos lembra que as escolhas das pessoas não são sempre baseadas em cálculos racionais, mas também refletem suas preferências individuais, aversões ao risco e valores pessoais.
Em suma, a hipótese de Bernoulli ampliou nossa compreensão sobre como as pessoas avaliam e tomam decisões em ambientes de incerteza, mostrando que a percepção subjetiva de valor desempenha um papel fundamental na forma como avaliamos os riscos e recompensas de nossas escolhas.